Hoje tive a oportunidade de assistir uma palestra em minha empresa sobre o Processo de desenvolvimento do Kernel Linux e do Qemu.
O palestrante, Glauber Costa, é engenheiro e mestre em computação pela Unicamp. É envolvido com o processo de desenvolvimento do kernel Linux desde 2004. Está envolvido no projeto Qemu a cerca de 3 anos. Já trabalho no Linux Technology center da IBM e atualmente trabalha no grupo de virtualização da Red Hat.
O objetivo da palestra foi mostrar como funciona o processo de desenvolvimento de dois softwares livres.
Segundo Glauber, o processo de desenvolvimento do kernel funciona como uma árvore de confiança. O mantenedor do kernel não revisa todo o código. Ele confia no mantenedor de cada ramo da árvore de desenvolvimento, que por sua vez, confia nos sub-ramos, se eles existirem. Cada mantenedor fica responsável por garantir que todo o código de sua árvore é confiável, seja revisando, seja confiando em outra pessoa que revisaram.
Isso é necessário porque não é possível alguém revisar todas as alterações, pois atualmente o kernel tem mais de 14 milhões de linhas.
O Qemu é utilizado para virtualização, e começou como um projeto individual de Fabrice Bellard.
Por ser um projeto individual, as colaborações muitas vezes demoravam para serem inseridas a ele. Isso tornava a evolução lenta.
Com o advento da virtualização, alguns desenvolvedores viram que era interessante investir no Qemu, mesmo que fosse necessário um pouco de tempo para melhorar o processo de desenvolvimento colaborativo.
Glauber concluiu que, mesmo o Qemu tendo um processo de desenvolvimento complicado, ele era sim, um software bem sucedido, pois atendia as expectativas do desenvolvedor.
Ou seja, mesmo tendo processos de desenvolvimento diferentes, tanto o kernel Linux como Qemu, são softwares livres bem sucedidos.
Glauber destacou que, num processo colaborativo como o do kernel, muitas vezes tem-se conflitos, mas isso nem sempre é algo ruim. Normalmente isso ajuda na evolução do software. Alguns desses conflitos podem gerar forks, e esses forks podem acabar ou seguir por muito tempo.
O fato de ter Red Hat e Suse, que são concorrentes, trabalhando no kernel não é ruim para ambas, muito pelo contrário, pois os custos de melhoria do kernel acaba sendo dividido entre várias empresas.
Glauber também enfatizou que a Red Hat figura atualmente como a maior contribuidora, responsável pelo desenvolvimento de aproximadamente 12% do kernel. Ou seja, se ela parar de contribuir, causará algum impacto, mas não impossibilitará a continuidade do projeto.
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